Entrevista com a Dra. Maria Lucia Zarvos Varellis - CROSP
- FCAFS-SP
- 22 de nov. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 12 de dez. de 2024
Como surgiu a ideia de criar o FCAFS? Quais foram as principais necessidades e desafios que levaram à criação do Fórum?
ML - O FCAFS surgiu da necessidade de unir esforços das profissões da saúde, reconhecidas pelo Conselho Nacional de Saúde, a fim de que ações pudessem ser articuladas para ampliar o acesso à informação, aos profissionais, e à população. Estabelecemos um espaço de discussão comum entre todas essas profissões e esse foi um marco bastante interessante, pois, a partir daí, muitos eixos foram sendo criados, inclusive um Grupo de Trabalho Interprofissional na Secretaria Estadual de Saúde, publicado no Diário Oficial por iniciativa do Secretário Estadual de Saúde, Dr. Davi Uip.
Quem esteve envolvido na fundação do FCAFS? Pode nos contar sobre as pessoas e instituições que se uniram para formar o fórum?
ML - O FCAFS foi constituído pelos Conselhos Regionais das seguintes profissões: Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia e Psicologia. Depois se juntaram a nós o Serviço Social e a Radiologia.
Quais foram os primeiros passos dados para estabelecer o FCAFS? Houve algum momento decisivo ou desafio específico no início?
ML - Sim, tivemos num primeiro momento uma dificuldade na condução dos trabalhos, natural para o início de uma proposta tão desafiadora que era reunir todos os profissionais da saúde, cada um com sua formação específica, para deixar suas peculiaridades e pensar a saúde num contexto mais amplo, como já disse, tanto para as profissões em si, mas também numa mudança no olhar convergente de cada profissão, expandindo esse olhar, estabelecendo um elo entre todas elas, um lugar comum que fizesse os serviços de saúde e a sociedade entender que promoção de saúde se dá com a integração de todas as profissões.
Como foi a primeira reunião oficial do FCAFS? O que foi discutido e quais foram os principais objetivos traçados naquele momento?
ML - A primeira reunião aconteceu no Conselho Regional de Psicologia, que detinha na época a coordenação do FCAFS, na pessoa do Conselheiro Moacyr Miniussi. Nessa reunião foi dada a posse de cada Conselho Regional da Saúde e foi exaltada a importância da instauração deste, que seria um espaço dedicado às discussões de propostas para a integração de ações voltadas para a ampliação do debate acerca de melhorias do acesso à saúde, da conscientização dos serviços de saúde sobre a necessidade de enxergar a saúde como um todo e estabelecer ações de saúde em benefício e educação da população.
Qual era o cenário da saúde em São Paulo na época da criação do FCAFS? Como os desafios daquele período moldaram a missão e os objetivos do fórum?
ML - O cenário da saúde em São Paulo, na minha opinião, não mudou muito desde então. Tínhamos um ideal, um desejo de extrapolar as barreiras profissionais, por meio de uma prática colaborativa, em que não houvesse tantas barreiras separando as profissões da saúde, a criação de comitês de ética multiprofissionais nos hospitais. Que cada um de nós, enquanto pessoas representando suas profissões, pudéssemos pensar em espaços colaborativos, trazendo um ao outro crescimento de conhecimento e expansão de ideais. Pelo que posso perceber como profissional, esses ideais não foram obtidos e se foram, não tiveram a devida divulgação, o que nos deixa a sensação de estagnação e insucesso, frente aos ideais primeiros, cheios de esperança e idealismo para a modificação deste cenário.
Quais eram as principais preocupações e temas discutidos nos primeiros anos do FCAFS? Havia algum foco específico que guiava as ações do fórum naquela época?
ML - Éramos um grupo bastante unido, com reuniões mensais, para discutir propostas voltadas à educação da população acerca de temas relevantes da saúde. Criamos folders, fizemos passeatas, ações em estações do Metrô de São Paulo, fomos reconhecidos como um grupo que sediava espaços de discussões importantes, que culminaram com a criação do Grupo de Trabalho da Secretaria Estadual de Saúde, já mencionado.
Como a criação do FCAFS foi recebida pela comunidade de saúde e pelas entidades profissionais? Houve apoio imediato ou resistência?
ML - A criação do FCAFS foi recebida com muito entusiasmo, porque havia um anseio comum de ampliação de debate da saúde em nosso estado, que congrega um terço dos profissionais do país, uma força política muito forte, que seria capaz de propor e sustentar as propostas para uma saúde pública mais ampla e justa para a população.
Como o FCAFS se expandiu ao longo dos anos desde sua fundação? Quais foram os momentos-chave que marcaram o crescimento do Fórum?
ML - Na minha opinião, durante os anos em que fui membro do FCAFS, foi a saída da Psicologia da Coordenação do FCAFS e eu fui aclamada pelos meus parceiros como a nova Coordenadora do FCAFS. Esse para mim foi um momento muito marcante, tanto do ponto de vista da Odontologia, que passou a coordenar os trabalhos, tanto do ponto de vista pessoal, afinal ser aclamada pelo grupo foi motivo de muita alegria para mim, pela demonstração de confiança na minha capacidade em organizar os trabalhos. Realizamos audiências públicas, na Assembléia Legislativa de São paulo, com a presença de representantes do Ministério da Saúde, que ouviram nossas propostas e ficaram de dar encaminhamento na esfera federal, para que nosso clamor pudesse ser ouvido e atendido.
Há algum momento especial ou uma lembrança que você guarda com carinho sobre o início do FCAFS? Algum evento que simbolize o espírito ou a missão do Fórum?
ML - Já mencionei os folders, passeatas, criação do estatuto do FCAFS, propostas para melhoria da saúde do nosso estado, a ampliação da compreensão de conceitos como a prática colaborativa e interprofissional trazida pela Enfermagem, o conceito de saúde única trazido pela Medicina Veterinária. E a minha aclamação como coordenadora do FCAFS.
Qual foi sua principal contribuição para o FCAFS no período de fundação e desenvolvimento? Como você se sente em relação ao impacto de seu trabalho no fórum?
ML - Com relação ao impacto da minha participação no FCAFS, devo repetir que foi um período muito positivo, sediando as reuniões na sede do CROSP, com a participação maciça dos Conselhos de Saúde. Ter sido aclamada pelo fórum para assumir a coordenação, foi para mim um momento muito marcante, que traduziu a minha capacidade em agregar e ouvir os anseios dos participantes, sempre respaldada e baseada nos conceitos que regiam o trabalho do CROSP.
Por muitas vezes ofereci que outro Conselho assumisse essa coordenação, fato este sempre refutado pelos membros participantes, que solicitaram que eu permanecesse na coordenação.
Porém, em 2017, o CROSP deixou a coordenação do Fórum cedendo lugar ao Conselho Regional de Farmácia de São Paulo, conforme Ata de novembro de 2017.
Meu agradecimento a todos os profissionais que estiveram comigo nessa jornada:
. Dr. Marcelo Abissamra Issas - in memoriam
. Dr. Durval Rodrigues
. Dr. Pedro Bortz
. Dra. Lígia Rosa
. Dra. Lourdes Piunti
. Dra. Elaine Herrero
. Dr. Reynaldo Ayer
. Dr. Mario Pulga
. Dr. Moacyr Miniussi
. Dr. Luiz Eloy Pereira
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